LITERATURA EM TEMPOS DE PANDEMIA VI
RAQUEL DE CASTRO RIBEIRO
Nasceu em 11 de fevereiro de 1984, em Lagoa da
Prata/MG, filha de Valdomiro José Ribeiro e Eugênia Mônica Castro
Ribeiro, sendo a segunda filha do casal. É neta da autora do livro Águas
Cristalinas- Therezinha de Castro e afilhada do professor e escritor Antônio de
Pádua Lima Sampaio. Raquel estudou nas melhores escolas da cidade, formando-se
no Ensino Médio pelo Colégio Colibri (hoje Colégio Águia de Prata), onde teve
como professora de redação a escritora Maria do Rosário Bessas. Sempre teve
facilidade em escrever textos e tomou gosto pelas crônicas através da
leitura da coleção Para Gostar de Ler, da Editora Ática, ainda adolescente.
Quando descobriu esse maravilhoso mundo da leitura, Raquel leu em um só ano
cinquenta e dois livros! Formou-se em Educação Física pela UNIFOR-MG em
2006 e em Enfermagem pela PUC Minas em 2011. Atualmente é professora da Escola
Estadual Nossa Senhora de Guadalupe e também instrutora de Musculação na
Secretaria Municipal de Esportes - Praça de Esportes. A escrita se faz
presente como hobby dessa cronista que iniciou suas publicações em 2011 no blog
Doce, tendo também textos publicados na página do Facebook Eu, cronista e
mensalmente seus textos são encontrados no Jornal Informação. Hoje, tem como
sua maior influência na literatura a escritora Martha Medeiros. Raquel encontra
assunto para suas crônicas observando o mundo a sua volta, nos pequenos
detalhes, nas conversas corriqueiras.…
Diário de quarentena
Findei a tarde com o corpo doendo e me questionando quem trabalhou
mais nos últimos dias: a minha cabeça, a minha internet ou o pano de chão daqui
de casa. Tenho me sentido mais cansada e cada vez menos produtiva nesses dias
em que me mantenho protegida pelas paredes que com tanto esforço e carinho
construí. Tal fato, me leva a questionar a dificuldade que todos estamos
enfrentando em ficar de quarentena. Não era para a gente considerar que estamos
no melhor lugar do mundo: dentro das nossas casas? Então me ponho a refletir e
passo a analisar onde é mesmo que moramos. Chego à conclusão que apesar do
nosso lar ser um lugar maravilhoso e cercado de afeto, a nossa moradia não se
resume nele. Estamos com saudades do mundo, que é aonde a gente mora mesmo.
Sentimos falta do trabalho, da rua, das pessoas, da casa dos familiares e
amigos, de ir no supermercado sem medo, de caminhar em volta da praia com
segurança, de deixar os cachorros darem livremente sua volta noturna, de tomar
sorvete na Picogel, de ir à missa e de tantos outros pequenos acontecimentos
rotineiros. Minhas pernas doem enquanto meus tênis ficam guardados no armário.
Eu costumava a sentir um grande alívio quando chegava em casa e tirava dos pés
o meu par de Olympikus. Agora acho que nunca os achei tão confortáveis e chego
a calçá-los para ficar andando dentro de casa. A minha ansiedade tem diminuído
à medida que faço os cursos on-line que vão sendo fornecidos ao longo desses
dias. Talvez porque me seja familiar estudar já que fiquei na escola da infância
aos meus vinte e sete anos, quando me formei na minha segunda graduação. Tenho
sofrido em cuidar da casa e jurei que nunca mais vou reclamar da minha
diarista. A preocupação inicial sobre a manutenção do emprego e da falta de
dinheiro diminuiu. Desde que eu não perca mais ninguém, eu estou disposta a
comer só arroz e feijão, se for necessário. Me sinto arrependida de não ter ido
viajar nas últimas férias. Meu pai morreu cedo e talvez por isso, eu acho que
meu tempo é curto para fazer todas as viagens que almejo. Com trinta e seis
anos, me sinto muito nova para algumas coisas e velha para outras,
provavelmente por já ter passado por coisas que não eram para terem acontecido
no tempo em que vieram. Ainda não consigo ver claramente todas as mudanças que
a nova e chata rotina trouxe para a minha vida, porém vejo todas de uma forma
positiva. Sigo tendo a certeza que não somos donos do nosso próprio tempo, mas
podemos aproveitá-lo da melhor forma possível mesmo quando nossas condições são
limitadas. A verdade é que as melhores histórias ainda estão por começar.
Raquel de Castro Ribeiro
Que orgulho ver uma aluna minha seguindo meu caminho, com todo o potencial de ser uma grande escritora. Muito envaidecida de ter sido citada na sua biografia, sinto como se parte de mim continuassem sua vida. Adorei seu texto, maduro, instigante e verdadeiro. Merece ser divulgado nós melhores meios de comunicação. Bravo, menina!
ResponderExcluirObrigada, Maria do Rosário! Ainda lembro de suas aulas. Um abraço virtual!
ResponderExcluirParabéns Raquel, seu trabalho ficou muito bom e você tem um grande potencial de criatividade, Desejo lhe sucesso.
ResponderExcluirObrigada!
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