Lagoa da Prata anoitece e amanhece de luto. Minas perde o grande escritor Olavo Romano

 

 

Laiana Modesto, Adircilene Batista, Olavo Romano, Fátima Amorim, Fátima César

O escritor Olavo Romano, de 85 anos, presidente emérito da Academia Mineira de Letras (AML), morreu no final da tarde desta quinta-feira (16/11/2023), aos 85 anos. Ele deixa esposa, dois filhos, seis netos e um bisneto. A informação sobre o falecimento foi confirmada pela assessoria de imprensa da AML.

A Academia Lagopratense de Letras, ACADELP, teve a honra de contar com a participação de Olavo Romano na 4ª Edição da Festa Literária de Lagoa da Prata, FLILP, que aconteceu em setembro deste ano.  Momentos riquíssimos com o autor, que se mostrou em casa, contando seus causos, dando suas risadas gostosas, proporcionando alegria a todos os que tiveram o privilégio de participar da Festa Literária. Se mostrou atencioso, solidário e incentivador da nossa FLILP. Almoçou debaixo de uma árvore na nossa Praia de Minas, ganhou de presente a famosa aguardente “Lobatinha” e livros dos escritores locais,  fez amigos e encheu de orgulho seus leitores  lagopratenses. E mais do que nunca se mostrou o mineiro que é. Participou da abertura da FLILP e roda de conversa juntamente com outros escritores e autoridades.

Mônica, Paulo Miranda, Di Gianne, Ozório Couto, Antônio, Adircilene, Professor Jacynto, Olavo Romano, Fátima Amorim, Fátima César

Olavo Romano nasceu em Morro do Ferro, distrito de Oliveira, na região Oeste de Minas Gerais, em 1938. Foi presidente emérito da Academia Mineira de Letras, onde ocupou a cadeira 37, editor sênior da Caravana e autor homenageado da Bienal Mineira do Livro de 2022. Formado em Direito, Romano cursou o mestrado em Administração na Fundação Getúlio Vargas. Ele também foi professor nos cursos de Serviço Social e Comunicação da PUC e fez carreira no serviço público aposentando-se como Procurador do Estado.  

Outra curiosidade sobre a obra, é que o poeta Carlos Drummond de Andrade viu na capa a fazenda do avô, a mesma escada, “só que do lado contrário”, e  saudou o autor por “sua prosa feliz”. Jorge Amado também falou do livro correndo de mão em mão em sua família. 

Romano não parou de escrever e na sequência vieram “Minas e seus casos” (Ática, 1984), “Dedo de prosa, Prosa de Mineiro” (Lê, 1986), “Os mundos daquele tempo” (Atual, 1988), “Um presente para sempre” (Atual, 1990), “Memórias meio misturadas de um jacaré de bom papo” (Dimensão,  2002), “São Francisco rio abaixo” (Abigraf, 2006),  “Retratos de Minas” (Conceito, 2007), com o fotógrafo José Israel Abrantes, “Eta mineiro jeito de ser” (Leitura 2007), com relatos que, encenados, resultaram em três CD-ROMs distribuídos em escolas públicas.  A toada de casos mineiros prosseguiu com “A cidade submersa” (Ramalhete, 2016) e agora com este “Café com prosa” (2021).  

A produção de Olavo Romano incluiu, ainda, outras vertentes, como a coordenação do concurso de relatos selecionados presentes em “A História das Eleições é também a minha História”, de 2013. A obra fez parte da celebração dos 80 anos da instalação da Justiça Eleitoral no Brasil. Olavo também participou de antologias, como Tertúlias Quixotescas (Caravana, 2020) e duas outras alusivas à pandemia da COVID 19.   

Pela Fundação João Pinheiro, o autor participou de Belo Horizonte & o Comércio, 100 anos de História, 1977, seguido de dez fascículos focalizando a vida de empresários da Capital. Para Além da Cidade Planejada, 1997, focaliza o Colégio Magnum e região Nordeste da Capital mineira. Memória Viva (1998) resume 50 anos da Alcan em Ouro Preto; Mestres Minas Ofícios Gerais (2000) resgata culturalmente o artesanato em Araxá. Seu livro Pés no Caiçara – um olhar sobre a Pampulha, escrito para o Shopping del Rey, foi lançado em 2003.  Iluminando os caminhos de Minas (2005) registra os 50 anos da Cemig, enquanto Notas e tons de Israel (2014) conta a vida do empresário Israel Kuperman, resgatando sua experiência de “judeu que saiu da arca”. 

O conto “Como a gente negoceia” gerou o curta-metragem “Negócio Fechado”, produção premiada no Festival de Gramado de 2001. O texto Zeca Lifonso serviu de base a curta metragem produzida em Muriaé pelo cineasta Euler Luz.  

Com o concertista Roberto Corrêa, desenvolveu, pelo interior de Minas, o projeto Causo, Viola e Cachaça, do SEBRAE/AMPARC. Já com o projeto Minas Além das Gerais, do Governo do Estado, apresentou-se em Brasília, Rio de Janeiro e em São Paulo. No programa “Sempre um Papo”, animou saraus por diversas cidades mineiras. Fez parcerias musicais com Pereira da Viola, Chico Lobo, Lu e Celinha, com apresentações em shows e animados saraus. Durante muitos anos, aos domingos, participou do quadro Prosa Arrumada, do programa Arrumação, ao lado de Saulo Laranjeira.  

Presidiu a Associação dos Amigos da Biblioteca Pública Prof. Luiz de Bessa e pertenceu ao Conselho Curador da Fundação Caio Martins, ao Conselho de Integração Social da Faculdade Estácio de Sá e integrou os Conselhos Consultivo de Instituto Fernando Pacheco e o de Administração da Imprensa Oficial de Minas Gerais. Foi Sócio Benemérito do Instituto Maestro João Horta. 

No sossego do sítio onde se refugiou, Olavo Romano organizou seu legado, construído nos últimos quarenta anos. Presente com oito obras na Bienal Mineira do Livro de 2022, autografou também exemplares de dois livros conjuntos: “Tertúlia Quixotesca” e “FAMÍLIA ROMANO: Memória – Afeto – Gratidão”. Além disto, ainda em 2022, recebeu no projeto “Prosa e Cantoria”, os amigos Carlos Farias, Celso Adolfo, Chico Lobo, Lu e Celinha, Paulinho Pedra Azul, Rodrigo Delage, Saulo Laranjeira, Tau Brasil, Tino Gomes e Wilson Dias. 

Vá em paz querido escritor que tanto orgulho proporcionou a todos nós do centro oeste mineiro. Que sua literatura com gosto da nossa mineiridade possa ser motivo de incentivo e inspiração a outros tantos por ai. Lagoa da Prata é feliz por ter conhecido e convivido com você. À família e à Academia Mineira de Letras nosso carinho.



 







Comentários

  1. Saudades eternas! Gratas recordações para sempre. Excelente registro!

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  2. Um farol de brilho! Sua postagem é perspicaz e bem elaborada. Obrigado por compartilhar sua valiosa perspectiva.

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