AMOR EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL IV

SÓ POR AMOR

Sair contigo na beleza deste dia

Assim feliz, de mão dada, ao deus-dará

Olhar a volta sem ter nada para ver

Ver tudo novo, de mansinho te abraçar

Deitar os olhos no azul de tantos mares

Olhar os ares, vendo avião passar

Tomar sorvete com beijinho geladinho

Rir sem motivo, nem razão pra explicar

Ficar colada no teu braço, teu abraço

Gastar o tempo sem ter nada pra fazer

Falar tolices, sem saber se é o certo

Deixar a vida, vagarosa se escorrer

Sair sem rumo, pela estrada caminhar

Pensar que a vida pode ser bonita assim

Pôr no teu bolso uma florzinha escolhida

E que ao vê-la, possa se lembrar de mim

Ter bem guardado um fiozinho de cabelo

Um verso lindo rabiscado num papel

Ver as estrelas sem querer bem entendê-las

E o pôr-do-sol se desenhando pelo céu

Colher frutinhas pelo mato, sem ter pressa

Olhar formigas, escutar a passarada

Cantar juntinhos, pedacinhos de canções

Fora do tom e com a letra toda errada

Tirar retrato pra guardar recordação

Imagens lindas que nos falam de nós dois

Tornar eterno o instante que existe

E congelar tantos momentos num depois

Saber que dias de ventura viveremos

Muito me queres, meu querer é todo teu

Ouvir mil vezes que, pra ti, eu sou teu bem

Dizer mil vezes que, pra mim, és o amor meu!

Marina Alves é natural de Lagoa da Prata. Pedagoga, escritora, poetisa; é membro da ACADELP

 ocupa a cadeira nº 13, e tem como Patrono RUBEM ALVES.