MINAS 300 ANOS. PARTICIPE VOCÊ TAMBÉM!
Participação hoje da nossa estimada acadêmica Marina Alves
Coisas de Minas
Minas
é o mundo, o mundo da gente... Assim como todo e qualquer lugar
é o mundo para quem nele nasce ou vive. Sem negar, é claro, que o mundo
continua a existir, belo, amplo e diverso — para além desse mundo mais perto —
mas é em nosso berço de nascença que a gente se procura e se encontra.
Eu me procuro e me
encontro mesmo é em Minas. Ainda que meus olhos passeiem por esse Brasilzão tão grande e bonito. Ainda que
meus andares percorram e façam paradas nos muitos (e belos!) Estados deste
nosso rincão, é para Minas que o coração volta correndo quando bate a saudade
pelos ventos da montanha.
Em Mim-nas corre sangue
amineirado, e eu não poderia fugir, nem se quisesse. Por que sou Minas em tudo.
No meu jeito desconfiado de chegar, nas sílabas engolidas no final, na economia
dos gerúndios... Na mansidão arrastada da fala que pode até não ser percebida
enquanto estou entre iguais, mas que saindo da Aldeia a coisa muda: basta eu
ver uma entrevista na TV, naquele cantar
arrastadinho, que digo logo: É minêro! E não tem erro, sempre é. Sabe aquele jeito
de sempre parecer que ainda vai dizer mais alguma coisa quando tudo já está
dito? Pois então, isso é coisa aqui das alterosas, e pode até ser que alguém dê
jeito, mas é custoso!
Custoso!
Esta é uma das muitas palavras que correm Minas. É uma das minhas, entre tantas
outras, que andam junto com o Sá que
encurta o senhora, o Trem que serve
pra dizer quase tudo e, pra coroar, o Uai,
marca registrada, patrimônio tombado da mineiridade: quem se declarar mineiro e
não disser Uai é persona suspeita, já começa a ser olhado meio de lado.
Drummond, poeta
genuinamente mineiro, traduziu muito bem a riqueza da figura mineira, e não
exagerou nem um tantinho. Quem já leu O
Sotaque da Mineira sabe que é mesmo daquele jeitinho... Ali tem muito, não
só das mineiras, mas, em Geral, de quem tem um pé nas Gerais. E pode escrever, que não dá outra: quem
convive com um bom mineiro acaba ficando igualzim,
igualzim... Quando vê já tá
esparramando uai e trem pra toda banda. E é capaz que só os de fora, consigam perceber, porque a gente nunca se enxerga na
própria mineirice. Mas é certeza: mineirês é contagioso!
Um cadiquim de cada coisa vira um mundão de coisas que fazem Minas. E
nestas terras onde o mar é só lagoa e o sol flerta com os montes, ferve e
efervesce o melhor da alma mineira, com o seu feijão tropeiro com torresmo e
couve, o pão de queijo saindo do forno, o doce de leite, e o queijo fresco em
fatia servido com café quentinho, no aconchego das cozinhas.
Também não é possível
levar muito a sério, certos trens que
mineiro diz. Aquele jeito de perguntar quantos
dias de prazo? — pedir sempre um minutim
ou dizer que é logo ali, ainda que o
ali seja longe pra chuchu, é tudo verdade. A mais pura verdade. Na hora de
explicar caminho, então o cê vai reto
toda a vida também é coisa de todo dia. Eu mesma já falei muito isso e vai
ver ainda falo sem nem me dar conta, porque não sou eu quem falo, é Minas que
fala em mim...
Marina Alves
Que beleza de texto!
ResponderExcluirObrigada! Um abraço, Marinez!
ExcluirEncantada! Parabéns.
ResponderExcluirQue bom que você gostou, Mônica! Abração!!
ExcluirÓtimo texto!
ResponderExcluirSomos isso aí, não é Daniel? E como é bom ser mineiro! Obrigada!
ExcluirMarina, com seu jeitinho doce, você fez uma bela declaração de amor à Minas e aos mineiros. Parabéns!
ResponderExcluirMinas é nossa! E que orgulho temos dessa terrinha! Obrigada, Regina!
Excluir